segunda-feira, 28 de março de 2011

your last lie (parte 2)

- Então... o que é? – Alice não sabia como estava sua expressão, não tinha idéia se era incredulidade ou raiva, mas sabia que suas palavras eram as mais secas possíveis.
- Eu posso explicar. – ele disse, apanhando a calça jeans que estava no tapete e vestindo-a ás pressas.
- Não. Eu não quero ouvir nada que venha de você. – ela não conseguia olhar em seus olhos, não parecia certo agora, nesta situação, olhar nos olhos, aqueles que um dia a fizeram se apaixonar. Alice sentia-se enojada, traída e o que mais desejava no momento, era estar longe, a quilômetros de distância de Thiago.
- Alice... – Thiago tentou, mas foi interrompido antes de iniciar a frase por uma voz calma e fria, congelando as palavras ao dizê-las:
- Fora.
Thiago foi tomado por um sentimento lancinante que parecia lhe cortar o peito de tão forte. Alice não olhava para ele, lhe repelira como se ele fosse um inseto, e ele sentia a culpa que jamais um dia sentiu. Sabia que a estava perdendo. E no momento, não havia nada a ser feito. Abriu o guarda-roupa, pegou a primeira camisa que viu e pendurou em seu ombro. Alice se afastou consideravelmente da porta para que ele passasse. Não queria olhá-lo, de jeito nenhum. Ao ouvir seus passos atravessando o corredor, voltou-se para a porta do quarto. E encontrou a mulher, vestindo-se. Ela tremia e não conseguia de jeito nenhum fechar o vestido. Alice deu alguns passos, e ajudou-a. Nem sabe ao certo porque fez isso, mas fez. A mulher virou e encarou-a, com medo nos olhos, ela estava com a cabeça inclinada para cima, já que Alice era muito mais alta que ela. E Alice encarou a outra por um bom tempo, esta hesitava algumas vezes, olhando para o lado, talvez por medo de alguma atitude repentina, mas Alice estava impassível.
- Eu não sabia que ele era casad...
- Eu não quero e nem preciso de suas desculpas. Guarde-as para um momento em que realmente precise delas, ou para alguém que importe para você. – as palavras não tinham sentimento nenhum. Eram apenas palavras ditas, num tom de voz baixo já que estavam tão perto. Aquela mulher não tinha nada de muito atraente, talvez fosse só pela sede de aventura, por estar cansado da mesma mulher por 7 anos. Alice não sabia, e nem queria uma resposta naquele momento. Deu um passo para o lado, abrindo passagem para que a outra saísse de seu quarto. Ao virar-se, Thiago estava ali, agora vestido, encostado na porta. Alice fingiu que ele não estava lá. E pôs-se a tirar os lençóis da cama. Engolindo todos os sentimentos que deveria estar sentindo e transformando-os em indiferença.
- Não finja não se importar, isso só vai fazer doer mais. – ele disse quando ela terminou de tirar os lençóis da cama.
- Ao menos olhe pra mim. Vamos conversar e tentar acertar as coisas. – disse ele, com olhos suplicantes em sua direção. Ela atravessou o quarto a passos decididos, segurou a porta com uma das mãos e fechou-a com toda a força que conseguiu reunir, como se ele não estivesse ali. O estrondo foi seguido de um grito de indignação e um murro na porta:
- ALICE, NÃO É DESSA FORMA QUE VAMOS RESOLVER NOSSOS PROBLEMAS.
E no mesmo instante ela abriu a porta, encarando-o pela primeira vez depois de tudo. Ignorando o fato de que poderia vacilar ao lhe olhar nos olhos.
- Não ouse gritar comigo. Você não tem o direito de mais nada aqui. E eu quero que você saia da minha casa e da minha vida. – as palavras foram ditas com pequenos intervalos, como se estivessem sendo sublinhadas. Alice retirou a aliança do dedo e jogou em seu peito. Esta caiu no chão e ficou ali, entre os pés de Thiago,
Ele recuou ás suas palavras, vacilante. Sentia que ela lhe escorregava entre os dedos e a culpa era toda sua.

Continua...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

your last lie (parte 1)

Aparentemente nada estava diferente. O sofá mantinha suas almofadas intocadas. A xícara de café com marca de batom na mesa da cozinha, deixada por ela na pressa daquela manhã, denunciava que a faxineira não havia estado ali naquele dia. Chovia, chovia muito. E a casa estava escura e silenciosa. Jogou as chaves e a bolsa em qualquer lugar e ao tirar os sapatos teve uma leve impressão de que alguma coisa estava errada. Passou a ter essa certeza, ao atravessar a sala e subir as escadas, fazendo o menor barulho possível. Nem sabia porque não queria ser notada em sua própria casa, mas algo lhe dizia que devia checar tudo em silêncio, antes de tomar o sonhado banho depois de um dia estressante de trabalho. Intuição, apenas. Coisa de mulher. Estava com saudades de Thiago, e se ele ainda não estivesse em casa, iria ligar e usar todos os métodos de persuasão para fazê-lo chegar mais cedo. Afinal, era aniversário de casamento e ele com certeza havia preparado alguma surpresa, sempre haviam surpresas em datas assim, e ela já sentia-se ansiosa. Estava atravessando o corredor, seu quarto era a segunda porta a esquerda e ao se aproximar, ouviu um ruído. Colocou a mão na maçaneta e no segundo em que iria girá-la ouviu uma risada feminina que definitivamente não era a sua, mas que vinha do seu quarto. Hesitou, afastou-se da porta e tentou colocar os pensamentos no lugar. Agora eram duas risadas, uma conhecida, a sua risada, a que lhe pertencia, que costumava sempre vir seguida da sua, ou chamar pela sua... a risada do homem que amava. Não queria abrir a porta. Não queria ver o que achava que iria ver. Mas a vida é cheia de momentos em que temos que fazer algo que não é de nossa vontade. E esse era um deles. Precisaria ver para crer. As risadas se intensificaram, juntas, entrelaçadas, tornando-se um som insuportável de ouvir. Alice foi tomada por uma raiva crescente, seu coração agora queria sair pela boca e ela contou até três e abriu a porta antes que se arrependesse de tê-lo feito. Thiago estava lá, deitado na cama que lhes pertencia, com outra mulher. Eles se divertiam e riam, cobertos pelos lençóis que ela havia escolhido e comprado. Tudo ali era seu. E sentiu que se perderam no segundo em que viu que outra mulher ocupava o seu lugar. Sim, ele havia preparado uma surpresa. Thiago pôs-se de pé num salto, atordoado, e começou a falar, deixando que as palavras mais idiotas e mentirosas que um dia inventaram para essas situações, saíssem de sua boca:
- Não é nada disso que está pensando!

Continua...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Consciência embriagada.

Era sexta-feira. E mais uma vez Thiago estava em um bar medíocre, enchendo a cara de vodka. Assim pura mesmo, que é pro efeito ser mais rápido. Que é pra subir logo a cabeça e embaralhar todos os pensamentos e sentimentos. Rodeado de amigos que nem são tão amigáveis, mas se for pra beber, eles estão ao seu lado. Assim são seus finais de semana. Por aí, bebendo em algum lugar, qualquer lugar. Alegando que a cada gole, uma lembrança boa de Alice passa por seus olhos. É só assim que a saudade se torna mais suportável. Fica de porre, chega de manhã em casa, dorme o dia todo e acorda pra beber mais algumas doses. Isso até chegar segunda-feira. Que ele levanta cedo, toma um café bem forte e enfrenta o trânsito e a ressaca pra chegar no trabalho. Emagreceu alguns quilos, conservava olheiras profundas e barba por fazer. Esse era o Thiago decadente e bêbado, sem Alice. O que não falta são erros e justificativas quando se quer terminar um relacionamento. Ás vezes é preguiça de tentar de novo, preguiça de dar um pouco mais de si pra tentar resgatar o que nem sempre está tão perdido assim. Pois bem, sem mais filosofias, era uma sexta-feira e Thiago estava lá, disposto a ingerir qualquer bebida que contivesse álcool, só por um pouquinho de felicidade superficial, já que a verdadeira andava escondendo-se dele nos últimos meses. Levantou-se da mesa para ir até o balcão encher seu copo. E enquanto esperava, sentiu uma mão no seu ombro e logo em seguida ao seu lado estava um homem, meio velho e barbudo de olhos vermelhos e embriagados, que ele nunca havia visto na vida.

- É meu jovem, cedo ou tarde conhecemos a vodka. Temos uma vida inteira de decepções para servir de motivo. Aquele que morreu sem conhecê-la, digo com toda certeza que era a pessoa mais infeliz do mundo. – disse o velho e tomou um grande gole do copo que segurava e apoiou-se no balcão bem próximo de Thiago.

- Não acredito tanto nessa alegria que essa bebida nos proporciona. É falsa, momentânea e seguida de uma ressaca que nem o café mais forte do mundo cura. – respondeu e depois virou todo o conteúdo de seu copo, enxugou a boca com as costas da mão e fez uma careta quando o líquido desceu queimando por sua garganta.

- Imagino que esteja sofrendo por amor, está na sua cara e no seu colarinho amassado, coisa que nenhuma mulher deixaria acontecer. É uma pena que tenha que passar por isso justamente na flor da idade... – o homem agora o encarava decifrando-o como nenhum dos seus “amigos” na mesa conseguiam fazer.

- O destino ás vezes é cruel. – Thiago balbuciou, balançando a cabeça e encarando o nada.

- Mulheres é quem são, meu amigo. E estamos a mercê delas. Mas não se pode mascarar tudo com o álcool. Um dia você terá que enfrentar o ocorrido e seguir com sua vida. Ela deve estar fazendo isso neste exato momento, pra você estar aqui neste estado e não indo atrás dela. – Então era isso? O que ele precisava ouvir havia sido dito por um velho bêbado, num balcão imundo de um bar. E essa era a hora de decidir, agora era matar ou morrer. Ele sabia que não dava pra continuar assim, mas e tinha outra coisa a ser feita?

- Ninguém vai lhe resgatar, só você é capaz disso. O primeiro passo é querer se salvar. Sua vida, depende de você. – Thiago olhou para o lado, afim de encarar o homem e perguntar quem era ele afinal, dizendo todas aquelas coisas e estando exatamente na mesma situação em que ele também estava. Mas ele não estava mais lá. Encarou o seu próprio reflexo na porta de vidro que o separava do lado de fora, e só então entendeu. Levantou-se do banco, e foi andando para a rua. Teria que pegar um táxi de volta pra casa. Verificou os bolsos para saber se ainda havia algo ali. Carteira, chaves, celular. Ok. Respirou fundo, deixando que o ar frio da madrugada entrasse em seus pulmões. Perdemos chances, tempo e juventude todos os dias. Pessoas com uma menor freqüência, claro. Mas também as perdemos. Quando já não há mais nada a ser feito, o que nos resta é apenas... aceitar.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

o fim.

- Eu... eu me apaixonei por outra pessoa. – ela disse assim, sem medir as palavras, sem pensar nas conseqüências, sem imaginar que estrago aquilo faria nos ouvidos e no coração dele. Ao fim da frase, de rabo de olho, viu os ombros de Thiago despencando e suas mãos antes escondidas debaixo de braços cruzados, correrem ao encontro de seu rosto, para escondê-lo. Não teve coragem o suficiente para olhá-lo, então pôs se a encarar os sapatos.
- Quem é? – sua voz era um murmúrio tão baixo, que se ela já não estivesse esperando por essa pergunta, não conseguiria entender o que ele dizia.
- Não acho que seja necessá...
- NÃO É NECESSÁRIO? – de repente seus olhos se estreitaram demonstrando a raiva que percorria seu corpo e sua voz ficou tão alta que ecoava pela sala quase vazia, não fosse pelas caixas de mudança e o sofá.
- Porque você precisa tanto saber?
- PORQUE É NORMAL QUERER SABER COM QUEM ESTOU SENDO TRAÍDO. – pôs se de pé num salto, chutando algumas caixas que estavam a sua frente.
- Mas, eu não traí você!
- QUEM É ELE?
- ...
- QUEM É ELE? – desta vez ele gritou mais alto, insistindo por uma resposta.
- Nós nunca nem nos beijamos, a gente só conversa e...
- E COMO SE APAIXONOU POR ELE, ENTÃO?
- E-eu...
- ACHA MESMO QUE PORQUE NUNCA SE BEIJARAM SUA CULPA SE TORNARÁ MENOR?
- Ficaria mais fácil conversar se você parasse de gritar, Thiago. – ela disse em meio a um suspiro de cansaço.
- NÃO ME DIGA O QUE FAZER! NÓS FINALMENTE ESTÁVAMOS BEM E VOCÊ ESTÁ DESTRUINDO ISSO. – ele levanta os braços com indignação e os leva a cabeça, num gesto de desespero.
- PELO MENOS TIVE A DECÊNCIA DE CONTAR A VERDADE, DE NÃO TERMINAR COM VOCÊ, DE NÃO TENTAR TE COLOCAR A CULPA! – Alice finalmente se permitiu falar o que queria, sem engolir seus sentimentos criando um nó cego em seu estômago, deixando as palavras transparecerem aquilo que realmente sentia. Não temia mais nada, não precisava mais preservar aquele sentimento, nem ser a única a se preocupar com a relação dos dois.
- Eu sei disso... – seus músculos agora relaxavam, voltou a sentar-se e cobrir as mãos com o rosto. – Até nessas horas você me dá motivos para acreditar que eu não sou bom o bastante pra você. – balbuciou, com a voz abafada.
Alice não tinha o que dizer. Sabia exatamente a dor que Thiago sentia, e não desejava isso para ele apesar das inúmeras vezes que ele lhe causou o mesmo. Começou a sentir uma coisa estranha, algo que nunca havia sentido por ele, o pior sentimento que se pode sentir por alguém nessas horas: pena. Segurou o impulso de afagar seus cabelos, ou de falar alguma coisa que lhe confortasse. Porém, todo o esforço foi em vão. Virou-se para Thiago e tirou as mãos que cobriam seu rosto devagar. Encarou-o no fundo dos olhos, que agora estavam vermelhos e haviam lágrimas escorregando por sua bochecha.
- Desculpe. – ficou um momento em silêncio, apenas olhando seus olhos, entrando o mais fundo que podia em sua alma. – Por toda a dor que estou lhe causando. – Dava pra sentir a sinceridade em suas palavras.
- Não me olhe desse jeito, não sinta pena de mim. – Ele afastou suas mãos devagar e enxugou o rosto com as costas da mão. “Já te fiz pior” ele pensou, mas não disse. Era covarde demais para isso. Alice levantou-se e pegou sua bolsa.
- Você já vai? – ele olhou para ela, com aqueles olhos que não pedem, suplicam.
- Sim.
- Mas tá faltando algo...
- O quê?
- Poxa, já é difícil eu olhar para você e perceber que você é dele. Só preciso que me diga. Eu não ficarei curado de você, mas ficarei aliviado. – as palavras saíram sofridas, porém parecia muito a voz de um garoto mimado pedindo desesperadamente a mãe para lhe fazer uma vontade.
Alice encara Thiago. “Como é que eu já fui capaz de amar você?” Ela se aproxima e o beija. Um beijo sem gosto, sem amor nenhum. Ele tenta resgatar algum pouco de sentimento que ainda reste, puxando-a para mais perto, envolvendo-a em seus braços. Mas ela termina o beijo, encosta a testa na dele, segurando sua nuca e deixa a última lágrima escorrer.
- Você me amou... – ele diz. E ela apenas vira as costas e sai, fechando a porta e deixando trancado ali dentro todo o seu passado. Parou um momento no hall, respirou fundo. Sentia que estava pronta para descer as escadas...e recomeçar.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quem sabe o príncipe virou um chato.

- Um desejo louco alucinado. – depois da confissão, Alice ouviu risinhos do outro lado da linha.
- É isso que você sente por ele? Achei que seria amor... ou paixão. – continuou Isa a debochar.
- Digamos que seja o início de uma paixão.
- E vocês ao menos já se beijaram?
- Não. Por isso ainda é um desejo louco e alucinado.
- E o Thiago?
- O que tem? – perguntou ela com a voz calma, e para sua surpresa, o coração igualmente calmo.
- O que sente por ele? – Isa sabia que esse era o clímax. A pergunta secreta, o que todos queriam saber e tinham medo de falar, para não magoar Alice, talvez. Isa pressionou o telefone no ouvido, ansiosa pela resposta.
- Afeto e gratidão. – palavras firmes, saíram sem muito pensar, apenas a verdade saindo de seus lábios. A voz abafada de repente calou-se, Alice podia imaginar a amiga perplexa, não se deixando acreditar no que ouvira.
- Mas... como assim? – ela insistiu.
- É natural que as pessoas se encontrem e se percam
. – coisas que ela nunca havia pensado, pareciam tão certas agora, tão cheias de clareza.
- Será que é pela distância? – Isa permanecia incrédula. Como um amor tão terno e recíproco acabava-se assim, feito chuva de verão?
- Pode ser que seja. Sei lá. Não penso muito nisso. – Alice agora olhava as margaridas do jardim pela janela da sala, enrolando o fio de telefone com os dedos. Tentava lembrar-se de algum momento com Thiago, e lembrava sim, de vários. Porém nada que lhe fizesse molhar os olhos de saudade. Apenas boas recordações.
- Vocês não se falam a quanto tempo?
- Desde sua partida. Não chorei desde que ele se foi. Era como se levasse todos meus sentimentos com ele. Ou talvez a mágoa não me permitisse sentir falta. Só sei que meu coração permanece no mesmo ritmo se alguém fala seu nome, como aconteceu agora.
- Nossa, já faz bastante tempo. Realmente não sente nem um pouquinho de falta? – Isa queria uma confissão, mas parece que a amiga estava realmente curada das feridas passadas.
- Digamos que já me acostumei com sua ausência.
- Tanto que tem até um alguém a vista, não é? – Isa disse e riu, tentando deixar a conversa mais divertida. Alice também riu, lembrando-se logo em seguida do sorriso do seu atual platônico. E a lembrança já foi suficiente para aquecer seu coração, fazendo com que uma felicidade instantânea percorresse seu corpo.
Ainda conversaram mais alguns minutos. Desta vez as risadas ecoavam nas paredes da sala. Eram amigas há tanto tempo, Alice adorava o jeito despreocupado de Isa, que sempre fazia as coisas parecerem tão fáceis. Ao desligar o telefone, sentou-se no sofá e deixou escapar um suspiro... um misto de saudade(do sorriso do platônico), ansiedade e aquele gosto doce de paixão recente.


-
"Você olha para ele e não sabe onde foi parar aquilo tudo que deveria estar eternamente ali. Onde vai parar o sempre quando o sempre acaba? Claro, 'que seja eterno enquanto dure', e então não é eterno, pois a eternidade é infinita e finito é o amor, não é isso?" (Fernanda Young, "O Efeito Urano")

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Alice (is not) in wonderland.

O eterno gosto amargo das coisas que não tiveram o seu devido fim.

- Feliz Aniversário! – ele esboçou um sorriso e estendeu a mão para cumprimentá-la. Alice olhou para a mão de Thiago. A mão que antes afagava seus cabelos e nunca cansava de lhe acariciar agora tocou a sua friamente.
- Obrigada. – ela não se deu ao trabalho de sorrir. Já estava cansada demais de fingimentos. Estava esgotada, derrotada. A situação não lhe agradava, lhe doía, e era isso que iria demonstrar.
- Que coincidência...
- Não acho que seja. – as palavras pareciam cobertas de gelo.
- Porque não? – ele fez cara de menino quando é contrariado. Alice sentiu uma vontade enorme de abraçá-lo.
- Você sabe que aquele é meu restaurante preferido. Você sabe que hoje é meu aniversário.
- Acha que fui de propósito?
- Seu divertimento é me magoar, me ferir. Você não perderia a oportunidade de mostrar sua nova namorada, de beijá-la em minha frente.
- ...
- Porque o silêncio? Você sempre tem algo a dizer. Então diga! Termine logo com isso, acabe comigo de vez. É muita crueldade ir me matando aos poucos.
- Eu te amo.
- NÃO AMA! Não me abandonaria se me amasse. Não estaria com ela se me amasse.
- Ela só tem meu corpo, você tem meu coração e minha alma.
- Então, porque ainda está com ela?
- Porque eu sou egoísta.
- Não aguento mais essa sua cara de quem não sofre, sentindo pena de mim. Eu não preciso disso. Eu não preciso de você. – e vira as costas numa pressa repentina, sem a menor vontade de ir embora, voltando a fingir.
- Desculpe. – sua voz saiu fraca, quase um sussurro. Alice parou, mas não se virou para encará-lo, sentia o nó na garganta e temia que ao encarar aqueles olhos, os seus não aguentassem.
- Não lamente, a escolha foi sua. - Apertou o botão do elevador, e torceu para que este fosse mais rápido que o arrependimento de não tê-lo perdoado. Entrou, e respirou fundo, precisava esperar só um pouco para desabar.
Quando o elevador abriu no terceiro andar, ele estava encostado ao lado de sua porta, com as mãos nos bolsos e aquele olhar que Alice não aguentava. Thiago sempre foi mais rápido nas escadas. Lembrou que eles faziam aquelas brincadeiras, e ela achava incrível ele chegar mais rápido do que o elevador. Livrou-se dos pensamentos e fingiu que ele não estava lá, andou até sua porta e revirou a bolsa atrás das chaves, com mãos trêmulas.
- Posso ao menos te ajudar?
- Vai embora Thiago, já não basta a conversa no hall, já não basta... tudo. Eu só quero ficar sozinha.
- Alice, olha pra mim.
- Eu não posso. – e ele a segurou, fazendo com que eles ficassem cara-a-cara, pele-a-pele, coração-a-coração.
- Eu não amo aquela garota. Eu amo você.
- Esse é o grande problema. Suas palavras não batem com suas atitudes.
E ele a beijou. Um beijo terno e sufocado, cheio de saudade. Ela relutou, mas segundos depois estava entregue em seus braços e deixou que a bolsa escorregasse ao chão, para que pudesse abraçá-lo firmemente.



-

Hoje faz um ano que o borboletas existe! :) E já que é pra apagar as velinhas e fazer um pedido de olhos fechados, eu só desejo continuar com esse cantinho por um longo tempo, desejo que as idéias para boas histórias sejam diárias e desejo também que o blog cresça, ganhe o mundo. Sonhar nunca é demais! O meu muito obrigado aquelas pessoas que me deram palavras de incentivo para continuar a escrever, saibam que foi sim muito importante. Então, é isso.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

abrindo as janelas, tirando a poeira dos cantos.

Saindo um pouco da rotina(que não é diária) das postagens do borboletas, resolvi responder o desafio do MEME que o Fael ,do blog Tablito, me mandou. De início foi bem difícil, confesso. Porque fui reduzindo minha lista de vozes preferidas até ficarem só 13. Julgava esta tarefa impossível, mas aí está.

warning sign, Chris Martin (coldplay)
último romance, Marcelo Camelo (los hermanos)
relicário, Cássia eller e Nando Reis
daniel na cova dos leões, Renato Russo (legião urbana)
preciso dizer que te amo, Cazuza e Bebel Gilberto
cada segundo, Sandro (aditive)
use somebody, Hayley Williams (cover kings of leon)
talk shows on mute, Brandon Boyd (incubus)
eu te amo, Ana Carolina (música de chico buarque)
janta, Mallu Magalhães e Marcelo Camelo
beat your heart out, Brody Dalle (the distillers)
ventos de outubro, Lorena Chaves
a beutiful mess, Jason Mraz

Desculpem a falta de inspiração, ou seja, a falta de atualizações no blog. Venho quebrando minha cabeça nas últimas semanas tentando finalizar um texto, mas não acho que está ficando bom. E eu só posto aqui o que acho realmente bom. Não gosto de escrever qualquer coisa e deixar aqui só pra atualizar. Tem que ser algo que valha a pena de ler. Então, é isso. :)